Queridos amigos,
Estarei diariamente no espaço do blog, a fim de discutir temas ligados à tradição fenomenológica e hermenêutica em geral. Para tanto, uma vez que é preciso começar por algum lugar, vou falar um pouco sobre o meu novo livro, que deve sair até o final do ano: Eternidade frágil: Ensaio sobre temporalidade na arte. O mundo contemporâneo entre o niilismo e a eternidade. Comecemos com uma pequena passagem do livro: "A arte é constitutivamente um
fenômeno do tempo. Não porque a arte se encontra simplesmente no tempo e é
assim necessariamente expressão de sua época; não porque ela dá voz às
vivências subjetivas do artista e às suas experiências paradigmáticas para a
fundação e reconstrução da visão de mundo dessa época; nem tampouco porque ela
se encontra imersa na rede causal de acontecimentos históricos que foram
tornando possível o surgimento de certas possibilidades artísticas, de certos
estilos, correntes e modos de criação. Ao contrário, a arte é constitutivamente
um fenômeno do tempo, porque o tempo mesmo é o horizonte originário de
mostração da arte. E isso de duas formas diversas. Por um lado, toda obra de
arte funciona como um campo efetivo de temporalização do mundo, como um âmbito
no qual a temporalidade mundana se descobre em sua dimensão mais primordial. Em toda nota musical e em cada
palavra, em toda cor e em cada passo da dança, em toda linha arquitetônica e em
toda forma escultural, em suma, em todo e em cada movimento criador, uma
determinação temporal vem à tona e abre simultaneamente um campo de jogo para
que o tempo do mundo ganhe corpo. Por outro lado, o próprio horizonte temporal
demarca o modo como o tempo da arte a cada vez se temporaliza e pode se
temporalizar. A relação entre mundo e tempo jamais se determina apenas na obra
de arte, mas já sempre se apresenta como o acontecimento do qual a própria arte
retira a força de sua dinâmica de temporalização. Há, com isto, um elo primevo
de ligação entre a arte e o horizonte temporal mundano, que se funda ele mesmo
no fato de a arte ser tanto arte do mundo em seu tempo quanto o mundo é mundo do tempo da arte".
Um abraço
Marco Casanova
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