quarta-feira, 1 de agosto de 2012

Queridos amigos,
Estarei diariamente no espaço do blog, a fim de discutir temas ligados à tradição fenomenológica e hermenêutica em geral. Para tanto, uma vez que é preciso começar por algum lugar, vou falar um pouco sobre o meu novo livro, que deve sair até o final do ano: Eternidade frágil: Ensaio sobre temporalidade na arte. O mundo contemporâneo entre o niilismo e a eternidade. Comecemos com uma pequena passagem do livro: "A arte é constitutivamente um fenômeno do tempo. Não porque a arte se encontra simplesmente no tempo e é assim necessariamente expressão de sua época; não porque ela dá voz às vivências subjetivas do artista e às suas experiências paradigmáticas para a fundação e reconstrução da visão de mundo dessa época; nem tampouco porque ela se encontra imersa na rede causal de acontecimentos históricos que foram tornando possível o surgimento de certas possibilidades artísticas, de certos estilos, correntes e modos de criação. Ao contrário, a arte é constitutivamente um fenômeno do tempo, porque o tempo mesmo é o horizonte originário de mostração da arte. E isso de duas formas diversas. Por um lado, toda obra de arte funciona como um campo efetivo de temporalização do mundo, como um âmbito no qual a temporalidade mundana se descobre em sua dimensão mais primordial. Em toda nota musical e em cada palavra, em toda cor e em cada passo da dança, em toda linha arquitetônica e em toda forma escultural, em suma, em todo e em cada movimento criador, uma determinação temporal vem à tona e abre simultaneamente um campo de jogo para que o tempo do mundo ganhe corpo. Por outro lado, o próprio horizonte temporal demarca o modo como o tempo da arte a cada vez se temporaliza e pode se temporalizar. A relação entre mundo e tempo jamais se determina apenas na obra de arte, mas já sempre se apresenta como o acontecimento do qual a própria arte retira a força de sua dinâmica de temporalização. Há, com isto, um elo primevo de ligação entre a arte e o horizonte temporal mundano, que se funda ele mesmo no fato de a arte ser tanto arte do mundo em seu tempo quanto o mundo é mundo do tempo da arte".
Um abraço
Marco Casanova

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