terça-feira, 9 de outubro de 2012

quarta-feira, 8 de agosto de 2012

Lançamento do Livro a Redenção de Deus: Sobre o Diabo e a Inocência

Não perca!! Dia 22 de Agosto haverá o lançamento do mais novo livro da editora Via Verita, A Redenção de Deus, que será acompanhado com debates. Não só contaremos com a presença dos próprios autores como também de: Alcio Braz - monge zen budista, psiquiatra, psicanalista e antropólogo. Edson Fernando - doutor em teologia, professor de teologia do Benett e da faculdade batista de teologia. Marco Antônio Casanova - doutor em filosofia, professor de filosofia da UERJ. As 19:00 no Instituto Metodista Benett (Flamengo - Rua Marques de Abrantes 55, 22230-060 Rio de Janeiro)

quarta-feira, 1 de agosto de 2012

Queridos amigos,
Estarei diariamente no espaço do blog, a fim de discutir temas ligados à tradição fenomenológica e hermenêutica em geral. Para tanto, uma vez que é preciso começar por algum lugar, vou falar um pouco sobre o meu novo livro, que deve sair até o final do ano: Eternidade frágil: Ensaio sobre temporalidade na arte. O mundo contemporâneo entre o niilismo e a eternidade. Comecemos com uma pequena passagem do livro: "A arte é constitutivamente um fenômeno do tempo. Não porque a arte se encontra simplesmente no tempo e é assim necessariamente expressão de sua época; não porque ela dá voz às vivências subjetivas do artista e às suas experiências paradigmáticas para a fundação e reconstrução da visão de mundo dessa época; nem tampouco porque ela se encontra imersa na rede causal de acontecimentos históricos que foram tornando possível o surgimento de certas possibilidades artísticas, de certos estilos, correntes e modos de criação. Ao contrário, a arte é constitutivamente um fenômeno do tempo, porque o tempo mesmo é o horizonte originário de mostração da arte. E isso de duas formas diversas. Por um lado, toda obra de arte funciona como um campo efetivo de temporalização do mundo, como um âmbito no qual a temporalidade mundana se descobre em sua dimensão mais primordial. Em toda nota musical e em cada palavra, em toda cor e em cada passo da dança, em toda linha arquitetônica e em toda forma escultural, em suma, em todo e em cada movimento criador, uma determinação temporal vem à tona e abre simultaneamente um campo de jogo para que o tempo do mundo ganhe corpo. Por outro lado, o próprio horizonte temporal demarca o modo como o tempo da arte a cada vez se temporaliza e pode se temporalizar. A relação entre mundo e tempo jamais se determina apenas na obra de arte, mas já sempre se apresenta como o acontecimento do qual a própria arte retira a força de sua dinâmica de temporalização. Há, com isto, um elo primevo de ligação entre a arte e o horizonte temporal mundano, que se funda ele mesmo no fato de a arte ser tanto arte do mundo em seu tempo quanto o mundo é mundo do tempo da arte".
Um abraço
Marco Casanova

segunda-feira, 23 de julho de 2012

Eternidade Frágil: Ensaio de Temporalidade na Arte

Autor: Marco Antonio Casanova

As crises do pensamento ocidental no final do século XIX geraram não apenas impasses para a manutenção e o desenvolvimento do pensamento tradicional, mas também novas possibilidades de reflexão. Uma dessas novas possibilidades se refere a uma experiência bastante peculiar de tempo, a uma junção até então impensável entre tempo e eternidade. Seguindo o caminho da arte como via de acesso paradigmático ao tempo do mundo, o livro procura acompanhar em três momentos diversos o movimento de temporalização produzido pelas obras de arte.

Poesia e Vivência - Wilhelm Dilthey

Autor: Wilhelm Dilthey

Nesse clássico do pensamento estético do século XX, Dilthey trata de maneira detida da articulação essencial entre poesia e vivência. O que ele procura mostrar a partir de quatro ícones da literatura alemã moderna (Lessing, Goethe, Novalis e Hölderlin) é em que medida a poesia desempenha um papel privilegiado na reconstrução compreensiva da visão de mundo de uma época. Poetas são aqui concebidos como pontos de expressividade maior do espírito de um tempo, espírito esse que vive nas poesias de maneira paradigmática.

Heidegger e a Tarefa da Filosofia

Autores: Jeff Malpas e Steven Crowell

Existem muitas possibilidades de aproximação do texto de Heidegger. Existem aproximações apologéticas, inflamadas, crípticas, assim como coerentes, rigorosas e reconstrutivas. O que determina, porém, a qualidade de uma interpretação de um autor hoje clássico como ele é justamente a capacidade que ela tem de funcionar como um caminho de discussão de questões que ou bem não se encontravam diretamente em jogo no horizonte de realização dos seus textos, ou bem se encontravam imersas em um horizonte de sentido que as tornava por demais particulares aos interesses argumentativos do seu autor. Uma interpretação é tanto mais rica, em outras palavras, quanto mais ela for capaz de descobrir novos caminhos de tematização de uma obra, se articulando com a recepção histórica efetiva dessa obra e com as possibilidades novas que sempre emergem daí. Exatamente isso, porém, caracteriza em muito as leituras de Jeff Malpas e Steven Crowell. Devotados a problemas ligados ao campo da ética e da filosofia hermenêutico-fenomenológica, o leitor vai se deparando incessante- mente com a oportunidade de, por vezes, seguir uma análise fina de contextos heideggerianos, e, por outras vezes, acompanhar uma consideração de problemas com bases heideggerianas, sem uma direta menção a Heidegger. Com isso, o pensamento oscila aqui entre o trabalho de tematização e de exposição livre, entre o foco temático e a exegese autoral. Essa mistura dá vida aos textos que vamos lendo, sem que em momento algum se prescinda do rigor. O que temos aqui, portanto, é uma oportunidade ímpar de superar a tensão por vezes estéril entre erudição e pensamento, entre o domínio amplo de um autor e a livre dinâmica do pensar.

Ideias sobre uma psicologia descritiva e analítica

Autor: Wilhelm Dilthey

Neste texto clássico, Wilhelm Dilthey estabelece uma distinção fundamental para o projeto de sua hermenêutica, ou seja, para o projeto de sua fundamentação hermenêutica das ciências humanas e de sua crítica da razão histórica: trata-se da distinção entre uma psicologia descritiva e analítica e uma psicologia explicativa e construtiva. Enquanto uma psicologia explicativa caracteriza-se, segundo ele, pela tentativa de transpor os princípios de determinação das ciências naturais para o interior da apreensão dos fenômenos psíquicos em geral, para o mundo interno da vida do conhecimento, a psicologia descritiva não parte de uma construção hipotética e dedutiva de modelos teóricos voltados para a apreensão das determinações quididativas e das leis e princípios reguladores dos fenômenos internos, mas busca antes se imiscuir na vida mesma desses fenômenos como um todo. Diferentemente da psicologia explicativa, que cinde incontornavelmente os fenômenos de seu nexo estrutural completo, a psicologia descritiva parte das dimensões particulares do fenômeno e procura analisar a partir daí a ligação entre o fenômeno e a vida do fenômeno.

Os dois nascimentos do homem: escritos sobre terapia e educação na era da técnica

Autores: João Augusto Pompéia e Bilê Tatit Sapienza

Em Os dois nascimentos do homem: escritos sobre terapia e educação na era da técnica, João Augusto Pompéia e Bilê Tatit Sapienza apresentam um amplo diálogo com temas centrais da terapia e da educação no mundo contemporâneo. A partir de uma consideração sempre pontuada por uma recurso aos mitos e às histórias que nos foram legadas pela tradição, temos a oportunidade de acompanhar no livro uma discussão cerrada sobre a condição humana, o existir, a liberdade, a ética, o lugar da terapia em um tempo tomado pelo ideal da eficácia entre outros temas de grande importância para todos nós. O ponto de partida do livro é certamente a ideia heideggeriana do ser-aí humano como um ente marcado por suas determinações existenciais próprias. De qualquer modo, a grande qualidade do texto está em não se manter preso à linguagem conceitual heideggeriana, mas em tratar sempre com desenvoltura dos problemas, sem qualquer inserção de uma linguagem hermética e fechada.

A existência para além do sujeito

Autora: Ana Maria Lopez Calvo de Feijoo

O final do século 19 representou um momento de crise radical de paradigmas. Com a falência do modelo teórico tradicional e com a supressão de toda e qualquer possibili-dade de alcançar de maneira pura os universais, uma série de elementos até então estruturais para o conhecimento e a apreensão da verdade caíram por terra. Noções como a coisa em si, a essência, a alma e o sujeito entre outras perderam a sua obviedade e passaram a se mostrar como passíveis de serem colocadas em questão. Com isto, a existência e a concretude existencial que lhe é correlata passaram a desempenhar um papel central em todo um conjunto de reflexões determinantes para o modo de ser do pensamento contemporâneo. Tais dilemas e impasses, contudo, não permaneceram restritos ao campo da filosofia e da teoria do conhecimento, mas se estenderam muito mais desde o princípio para o interior das ciências humanas em geral e da psicologia em particular. Assim, surge a pergunta: O que significa, afinal, levar a termo uma psicologia para além da subjetividade? Responder a essa pergunta é a tarefa primordial do presente trabalho, que procura se valer da tradição hermenêutico-fenomenológica como uma tradição capaz de reconciliar a existência para além do sujeito com a verdade da experiência própria de cada um. Assim, o presente livro segue uma vez mais a esteira de uma psicologia em foco, de uma psicologia que toma o foco fenomenológico como o elemento central de nossas experiências existenciais.

O que é Esclarecimento?

Tradução de Paulo Gil Ferreira

 A presente coletânea reúne uma série de textos de autores clássicos que giram em torno da pergunta “O que é Esclarecimento?”. Dentre esses autores, o mais importante é sem dúvida alguma Immanuel Kant, que se encontra presente na coletânea com o famoso ensaio “Resposta à pergunta: O que é o esclarecimen-to?”. No entanto, textos clássicos não costumam nascer sem estarem acompanhados de uma geração de outros discursos que tratam quase do mesmo tema. Ao contrário, eles sempre surgem juntamente com outros textos que o complementam, mesmo quando o contradizem. É isto que temos a oportunidade de acompanhar, então, nos extratos maximamente significativos de Moses Mendelssohn “Sobre a pergunta: o que quer dizer esclarecer?”, assim como de Hamman e de Schiller, que apontam os dois claramente para os limites da crença kantiana nos poderes autônomos da razão e que se contrapõem até certo sentido aos textos de Kant, de Andreas Riem e de Herder. De qualquer modo, o que temos aqui é, portanto, uma oportunidade ímpar de compreender não a posição de um autor específico sobre o conceito de Esclarecimento, mas o contexto espiritual no qual surgiu o debate sobre o Esclarecimento.